Manter a atenção dos alunos em sala de aula é uma grande missão para um professor na hora de lecionar. E na busca por inovação na metodologia de ensino, três professoras da Escola Municipal Francisco de Souza Bríglia foram vencedoras da 1ª edição do Prêmio Professor Porvir, ficando entre 32 finalistas.
O projeto teve autoria das educadoras Shirlei dos Santos Catão, Edilamar dos Santos Soares e Francimara Barbosa Gomes, concorrendo na categoria de Ensino Fundamental 1. Com os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), elas focaram a pesquisa no tema “Impactos do garimpo ilegal”. No dia 4 de maio, as professoras vão participar de um evento em São Paulo (SP), onde terão seus relatos publicados em um e-book.
“Nossa proposta foi mostrar as consequências do garimpo ilegal na contaminação da água e do meio ambiente, além de conversar com a comunidade escolar sobre as melhores formas de minimizar esse impacto no estado de Roraima. Foi a partir daí, que criamos o projeto “A terra de Macunaíma pede socorro!”, disse a professora Shirlei dos Santos.
Elas debateram o assunto com a turma do terceiro ano da EJA, onde alunos puderam conhecer lideranças indígenas que lutam pela causa, como a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), Joenia Wapichana e o presidente da Hutukara Associação Yanomami, Davi Kopenawa.
“Com essa pesquisa, aprendi que o garimpo destrói a fauna, a flora, os rios e a nossa terra, o que afeta diretamente toda a sociedade. Por isso, o objetivo do nosso trabalho é conscientizar as pessoas dos malefícios dessa atividade”, relatou a aluna Surama Martins.
De acordo com a professora Francimara, a pesquisa fez com que os alunos valorizassem ainda mais o papel desses ambientalistas. E para homenageá-los, os estudantes confeccionaram um mural, que ficou exposto no corredor da escola. Eles convidaram outras turmas da EJA para apresentar os resultados da pesquisa e a história de cada um desses defensores do meio ambiente.
“Fizemos debates sobre a temática ‘Água x garimpo ilegal’, a partir de uma reportagem que mostra um dado alarmante: 45% do mercúrio usado em garimpos ilegais para extração de ouro é despejado em rios e igarapés da Amazônia, sem qualquer tratamento ou cuidado. Esse material pode permanecer por até cem anos em diferentes compartimentos ambientais, além de provocar diversas doenças em pessoas e em animais”, completou a educadora Fracimara.
Para Letícia Lyle, uma das avaliadoras do projeto, o trabalho das professoras não se limita à sala de aula, pois os estudantes puderam expor vivências pessoais, compreender o problema e encontrar soluções. “É emocionante esse projeto. As professoras tiveram muita criatividade em tratar do tema, envolvendo os estudantes e a inclusão. Elas conseguiram transformar a aprendizagem em algo tão significativo”, disse.
PORVIR – Plataforma de conteúdos e mobilização sobre inovações educacionais do Brasil, o Porvir está em atividade desde 2012, mapeando, produzindo e difundindo referências para inspirar e apoiar transformações que garantam equidade e qualidade na educação a todos os estudantes brasileiros. Em 2019, após sete anos como um projeto do Instituto Inspirare, tornou-se uma organização autônoma e sem fins lucrativos. O site oficial é https://porvir.org/.
MAIS PREMIAÇÃO – Participantes do projeto, os alunos da EJA, que têm entre 16 e 74 anos, também conquistaram o 7º Prêmio Territórios do Instituto Tomie Ohtake, que lhes rendeu doação de livros, produção de um minidocumentário, bolsa de estudos, apoio financeiro para a escola e muito mais. Em março ocorrerá o “Encontro de Territórios” para a cerimônia de premiação das 10 escolas selecionadas.