Colheita de milho fortalece agricultura familiar com apoio da prefeitura nas comunidades indígenas
Produção ultrapassa expectativas, valoriza a cultura originária, além de garantir renda e segurança alimentar para as famílias agricultoras

Por Jaqueline Pontes
há 4 horas
Marcada pelo trabalho coletivo, a colheita de milho seco nas comunidades indígenas representa um momento de importância cultural e alimentar. Diante dos benefícios da produção agrícola para as famílias, o apoio da Prefeitura de Boa Vista ocorre em todas as etapas do processo de cultivo, como plantio, preparação do solo, aquisição de sementes e insumos.

Na comunidade indígena Lago Grande, localizada na região do Baixo São Marcos, as famílias agricultoras colheram cerca de 160 sacas de milho, com o apoio de técnicos agrícolas e colheitadeiras da prefeitura. De acordo com o prefeito Arthur Henrique, o município destina políticas públicas para a agricultura familiar e investe na sustentabilidade ambiental, social e econômica do município.

“Esse trabalho reforça o compromisso da nossa gestão em apoiar a agricultura familiar e valorizar as comunidades indígenas, que têm papel fundamental no desenvolvimento sustentável do nosso município. Com o incentivo da Prefeitura de Boa Vista garantimos não apenas o fortalecimento da produção local, mas também a geração de renda e segurança alimentar das famílias”, disse.
Superação de plantio e colheita

A prefeitura plantou 865 hectares de milho no município, sendo 105 hectares nas comunidades indígenas. A colheita já está em andamento e deve ser concluída na segunda quinzena de outubro. Neste ano, a produção nas áreas indígenas deve ultrapassar 600 toneladas de grãos, além de a área cultivada ter superado as expectativas dos produtores e técnicos de Boa Vista.

Com relação a produtividade observada nas áreas já colhidas, a marca alcançou índices iguais ou superiores a 6 toneladas por hectare, o que equivale a uma média de 120 sacas de 50 kg por hectare. Sidney Tavares, 2º tuxaua da comunidade Lago Grande afirma que o investimento da prefeitura tem proporcionado um aumento significativo na lavoura indígena.

“Há 30 anos, o nosso povo produzia tudo de forma manual, no machado e com enxada em mãos. Claro que o tamanho da área de produção era bem menor, mas hoje, a Prefeitura de Boa Vista olha com carinho para a comunidade e o nosso trabalho recebe apoio técnico e de alta tecnologia aqui dentro. Neste ano, a gente aumentou o plantio e a expectativa é ampliar cada vez mais”, destacou.
Mulheres no campo

Unindo força, cuidado e inovação no trabalho diário, as mulheres são protagonistas no campo, impulsionando a produção agrícola. Meirejane Lima, coordenadora das Mulheres Agricultoras da Comunidade Lago Grande, relata que o apoio da prefeitura tem proporcionado independência financeira para os produtores, além de incentivar as lavouras comandadas pelas mulheres.

“Os técnicos sempre veem nos acompanhando desde o início do plantio, com a adubação até agora, na colheita. A comunidade sempre esteve preocupada com a qualidade da produção e garantiu que o resultado fosse positivo. No início de tudo, a gente não sabia como trabalhar em grande proporção porque nós indígenas nunca tínhamos cultivado hectares. Era apenas um pedaço de linha, mas hoje, a realidade é outra”, apontou.

Colheita envolve todas as idades
Essa prática fortalece a autonomia produtiva da comunidade e valoriza a agricultura sustentável, transmitida de geração em geração como parte essencial do modo de vida indígena. Durante a colheita, adultos, idosos, jovens e crianças participam ativamente do processo de colheita. Considerado dia de festa, as aulas das crianças são diferenciadas, pois todos são encaminhados para a lavoura, método para garantir a sucessão familiar.

Quem trabalhou por anos no campo também não ficou de fora, claro, agora em um ritmo mais lento, mas com muito a ensinar aos jovens. É o caso dos idosos que também são inseridos no processo. Nelcia Paixão, 73 anos, esteve a vida toda na roça e marcou presença na colheita. No rastro da colheitadeira, a idosa resgatou as espigas de milho que ficavam para trás e garantiu 100% de aproveitamento.

“Estou catando o milho para dar para as galinhas e para os porcos. Assim, a gente aproveita tudo e não estraga nada. Eu cresci trabalhando na roça. Desde que eu nasci, com a enxada nas mãos, fazendo farinha e tapioca. Agora eu estou velha e cansada e não tenho mais forças para trabalhar o dia todinho. Hoje, eu sou aposentada, mas meu dinheirinho não dá para comprar bastante comida para os animais”, contou.
