Assistência Social

Leitura Desde o Berço: pesquisadores americanos avaliam o efeito da leitura em famílias que participam do programa

Os testes estão sendo feitos com as crianças atendidas pelo programa Família Que Acolhe e pelas 22 Casas Mãe de Boa Vista, além de um grupo de pais e crianças que não participam do programa

Por SEMUC

02/12/2015

Uma criança observa as figuras, diz o nome de cada uma e a sequência em que elas estão dispostas. Parece simples, mas o teste pode dizer muito sobre o desenvolvimento dessa criança. A pronúncia, o nível de vocabulário, a identificação dos desenhos e a capacidade de interpretação são alguns fatores avaliados.

Os testes estão sendo feitos com as crianças atendidas pelo programa Família Que Acolhe (FQA) e pelas 22 Casas Mãe de Boa Vista, além de um grupo de pais e crianças que não participam do programa. O estudo é realizado por dois pesquisadores americanos da Escola de Medicina da Universidade de Nova Iorque: o pediatra Alan Mendelson e a PHD em psicologia infantil, Adriana Weisleder.

Eles estão em Boa Vista pela terceira vez para coletar dados para a pesquisa que busca mostrar os impactos do programa Leitura Desde o Berço na interação entre pais e filhos e no desenvolvimento intelectual e social das crianças que participam do programa.

A pesquisa, realizada em parceria com o Instituto Alfa e Beto (IAB) e com a Prefeitura de Boa Vista, avalia se os  pais estão lendo para os filhos em casa, como está sendo esta leitura, os aspectos positivos e as barreiras que impedem ou influência de forma negativa a execução dessa atividade. Além disso, são observadas as principais diferenças na relação familiar e no desenvolvimento da criança, entre as famílias que têm o hábito da leitura e as que não têm.

Essa avaliação é feita por meio de questionários aplicados aos pais, entrevistas e filmagens do momento que pai/ mãe e filho leem juntos. Cerca de 500 pais já foram ouvidos.

“Nessa etapa da pesquisa, nós queremos saber qual a evolução da participação dos pais no programa. Como eles liam antes e como estão lendo agora para os seus filhos, como estão falando com seus filhos, se há interação com a criança durante a leitura, se percebem mudanças no comportamento dos filhos e no desenvolvimento intelectual. Entender quais são os fatores familiares, as barreiras que interferem na leitura da criança e como o programa está ajudando eles a enfrentarem essas dificuldades”, explicou.

Mesmo sem o resultado final do estudo, os pesquisadores avaliam que o programa tem contribuído para o desenvolvimento das crianças em que os pais têm o hábito da leitura no âmbito familiar. A constatação veio por meio de depoimentos como o da Michelle Lobato, de 25 anos. A auxiliar de cozinha é mãe da Marinilde, 4, que frequenta há dois anos a Casa Mãe. Pelo menos quatro vezes na semana, ela lê para a filha.

“Ela gosta da leitura, de folhear o livro e eu vou acompanhando. Ela já aprendeu o nome dos animais, a identificar as figuras, a contar e aprendeu a letra do nome dela. Na hora de ler todo mundo da família participa: eu, o pai e os irmãos. Todos ficam felizes”, contou.

Uma vez na semana, as casas mães cedem pelo menos dois livros para os pais levarem para casa, a ideia é que eles leiam juntos com os filhos, incentivando a participação da criança na história que está sendo contada, essa atividade também é realizada nas unidades. Das 22 casas mãe funcionando atualmente, 11 desenvolvem o programa Leitura Desde o Berço.

Para a psicóloga Adriana Weisleder, a pesquisa tem mostrado que a leitura desde a infância tem apresentado resultados positivos nas famílias envolvidas.“Tem muitos livros e estudos que comprovam que leitura é muito importante para o desenvolvimento da criança. Contribui para que ela incremente o vocabulário, incentive a  imaginação para o desenvolvimento cultural, social e intelectual, que esteja preparada para iniciar a vida escolar e ainda melhora a interação com a família. A gente percebe isso nas famílias que adotaram esse hábito, incentivado pelo programa”, observou.

Divulgação do Resultado da pesquisa

O resultado da pesquisa será apresentado no congresso da PediatricAcademicSocieties, que ocorre em maio de 2015 no vem nos Estados Unidos. Para a prefeita Teresa Surita, o estudo mostra a importância do trabalho desenvolvido no município.

“Essa pesquisa é a comprovação científica de que o Família Que Acolhe é uma política pública e não um projeto assistencial. Isso muda todo o foco de reconhecimento, de evolução daquilo que a gente está fazendo junto às pessoas. Possibilita parcerias pra que a gente possa desenvolver ações que melhorem a qualidade de vida de quem participa do programa, ou seja, que a gente possa avançar ainda mais no atendimento aos primeiros anos de vida da criança”, destacou.