Educação

Mostra na Comunidade Darora resgata e valoriza identidade cultural dos povos indígenas

A mostra teve como objetivo despertar nas crianças o senso de valorização da sua cultura e da sua língua materna, auxiliando-os na construção da sua própria identidade.

Por Ceiça Chaves

15/08/2018

Com o tema “Minha Identidade: Quem sou eu?”, alunos da Escola Municipal Indígena Vovó Teresa da Silva, da Comunidade Darora, se apresentaram em uma mostra cultural nesta quarta-feira, 15, que reuniu os 40 estudantes, suas famílias da comunidade, além de servidores da Prefeitura de Boa Vista.  O evento foi promovido com apoio da Secretaria Municipal de Educação.
A mostra teve como objetivo despertar nas crianças o senso de valorização da sua cultura e da sua língua materna, auxiliando-os na construção da sua própria identidade, promovendo a socialização e a interação com as demais comunidades.
Foram expostos pelos alunos projetos pedagógicos que são resultados do trabalho feito nas disciplinas de história e geografia. Os visitantes apreciaram, desde os trajes tradicionais, a língua, a dança, como também degustaram as comidas e bebidas típicas, como pajuaru, caxiri e a damorida.
Ao todo, cinco projetos foram apresentados para a comunidade. O Projeto Damurida, das turmas de 1º e 2º período, levou a iguaria indígena para degustação e apreciação dos visitantes. O Projeto “Pajuaru”, dos 1º e 2º Ano, levou essa tradicional bebida típica dos povos indígenas feita de mandioca. Já o Projeto Fibra, das turmas do 3º e 4º Ano, apresentou os trajes tradicionais dos índios feitos de fibra dos buritizais, confeccionados pelos próprios alunos e professores.
Os alunos do 5º Ano, com o Projeto Arco e Flecha, fizeram uma demonstração de caça a um animal com o uso do arco e flecha. E por fim, o projeto Grafismo Indígena, levou ao evento um pouco sobre a língua materna da região, o macuxi. Cada turma teve oportunidade de expor seus trabalhos e o evento foi encerrado com a dança parixara, herança cultural dos povos indígenas.
A aluna, Hildarlene Peixoto, 9 anos, do 4º Ano, estava caracterizada com os trajes que ela mesma produziu. Ela falou como foi aprender a fazer a saia, o top, o cocar e todos os acessórios, feitos com o que é encontrado na natureza. “O bom é que a gente aprendeu a fazer as roupas. Fomos ao buritizal, pegamos o olho do pé de buriti, fervemos e foi onde conseguimos a fibra. Depois fizemos o processo de produção, enfeites e costura”, disse a menina.
A Darora é uma comunidade familiar de indígenas da etnia macuxi composta por cerca de 50 famílias com aproximadamente 260 pessoas. A tuxaua, Marinalda Augusto, 48 anos, prestigiou o evento da escola e, segundo ela, os projetos destacam as tradições indígenas, que são desde os trajes, língua até as principais iguarias apreciadas em todo o Brasil.
“Essa geração de hoje tem pouco conhecimento sobre suas origens e cultura. O povo tem perdido os costumes, a tradição e não tem passado isso para seus filhos. Hoje vejo que a escola tem um papel muito importante nesse processo, que é justamente resgatar essa nossa identidade, ora perdida no tempo devido a modernização do povo indígena”, disse.
Confira a Programação das Mostras das demais unidades indígenas de ensino
16.08 - Maria de Lourdes e Francisca Gomes;
20.08 - Vicente André;
21.08 - Ignes Benedicto e Vovo Terezinha;
24.08 - José David e Leila Maria;
27.08 - Dukuzyy Sebastião;
29.08 - Koko Ermelinda e Tuxaua Albino;
30.08 - Clemente dos Santos;
31.08 - Vovó Antônia Celestina