Agricultura e pecuária - Com o apoio da prefeitura, pequenos pecuaristas utilizam a silagem para alimentar os rebanhos
Um feito inédito no estado de Roraima foi a realização da primeira silagem de milho na Comunidade Indígena Vista Alegre, no baixo São Marcos, em Boa Vista.

Por Emanuele Pasqualotto
31/08/2019
Fotos no link: https://flickr.com/photos/
Os investimentos da Prefeitura de Boa Vista na agricultura familiar não param. Com o apoio da Secretaria Municipal de Agricultura e Assuntos Indígenas (Smaai), os agricultores familiares estão produzindo silagem, como forma de garantir uma boa alimentação para o rebanho bovino.
Um feito inédito no estado de Roraima foi a realização da primeira silagem de milho na Comunidade Indígena Vista Alegre, no baixo São Marcos, em Boa Vista. A lavoura de 1 hectare de milho foi destinada à alimentação no projeto-piloto de confinamento de gado de corte, desenvolvido pelo agricultor indígena Dinarte Pereira da Silva, com o apoio da Smaai.
Dinarte destacou que o projeto é uma novidade e que, quando foi proposto, pesquisou como tinha que proceder. “Eu chamei algumas pessoas da comunidade para acompanhar o projeto, como vai acontecer, nós estamos recebendo toda assistência técnica da prefeitura. Vamos começar com quatro reses e daqui mais ou menos quatro ou cinco meses começo a ampliar para oito, depois doze, vinte e assim por diante. Queremos começar e caminhar à frente, o projeto não é só meu e, meu desejo, é que a comunidade desenvolva o projeto, e com o apoio da s ecretaria nós iremos longe”, frisou.
O secretário adjunto da Agricultura , Guilherme Adjuto, destacou que a Comunidade Vista Alegre foi escolhida para o primeiro projeto-piloto porque o agricultor já conduzia as lavouras de milho. Lá, foi cultivado 1 hectare d o grão exclusivamente para o processo.
“ Essa ideia surgiu da possibilidade de conseguir produzir carne nos meses onde não temos chuva. O gado do índio é criado de modo extensivo, come capim do lavrado e produz pouca carne pelo fato de que o capim é pobre em nutrientes. A ideia é mostrar para eles que tem como produzir carne e, se tiverem vacas em período de lactação, produzir também leite para alimentação na própria comunidade e comercialização”, enfatizou.
Agricultor do P.A Nova Amazônia faz a silagem pelo segundo ano consecutivo
Um dos grandes gargalos que se tem em propriedades de leite hoje, é conseguir alimento contínuo, durante o ano todo, para que a produtividade não caia em períodos de estiagem.
Neste ano, a produção de silagem na propriedade do agricultor e pecuarista, Alziro Reis, dobrou. Isso foi possível devido à melhoria do manejo e da implantação de lavoura de milho, consorciada com a brachiaria (um tipo de capim) e também, por causa da execução da silagem do milho com a sobra do capim, que servirá de complemento para a alimentação do rebanho tanto de corte como leiteiro.
Reis destacou que este ano aumentou em dois hectares a lavoura para a produção da silagem. “Acredito que esse ano alcançaremos o período de chuvas tranquilamente com reserva de alimento para os animais. Mesmo em uma propriedade pequena, quando plantamos o milho e conseguimos agregar valor aqui mesmo no sítio, o que é o caso da silagem, conseguimos ter uma margem de lucro bem melhor”, ponderou.
O agricultor está concluindo ainda o trabalho em uma área com o objetivo de obter o fornecimento de “volumoso” também para complemento da alimentação animal com a silagem de sorgo. Nos próximos dias haverá uma pastagem formada e o alimento armazenado para enfrentar o desafio da estação seca. A meta é chegar no período chuvoso, no próximo ano, com uma reserva de pasto e os animais bem nutridos com uma produção de carne e leite satisfatória.
Silagem - Trata-se do produto oriundo da conservação de forragens úmidas (planta inteira) ou de grãos de cereais com alta umidade (grão úmido), que pode ser o milho ou sorgo. Esse processo se dá através da fermentação em meio anaeróbico, ambiente isento de oxigênio, em locais denominados silos.
Em média, após o material ser depositado no silo, compactado e vedado, ele leva até 21 dias para poder ser utilizado na alimentação animal, levando-se em consideração os procedimentos técnicos adequados para conservação de forma correta. Dependendo da quantidade, os animais podem ser alimentados com o material produzido com a silagem por até oito meses.