Saúde

Prefeitura busca apoio do governo federal para novas vagas no programa Mais Médicos

Boa Vista não é classificada como prioritária para envio de mais médicos.

Por Jéssica Ferri

22/08/2019

Com o cenário da crise migratória em seu ápice, a prefeita de Boa Vista Teresa Surita enfrenta um desafio cada vez mais difícil de continuar provendo, com os recursos do município, os meios necessários para acolher a demanda crescente de atendimentos na rede municipal de saúde.


Há anos a Prefeitura de Boa Vista tem feito grande esforço para garantir os atendimentos sem distinção de nacionalidade, investiu na reforma do Hospital da Criança, dos postos de saúde, promoveu seletivos e está preparando concurso público para o final deste ano, mas, mesmo assim, a questão da falta de profissionais compromete os serviços.


Teresa pleiteia junto ao Ministério da Saúde (MS), desde o início do ano, a revisão da classificação que enquadra Boa Vista como capital em situação de menor vulnerabilidade social (Perfil 3), tendo em vista o atual cenário de emergência na saúde pública ocasionado pela crise migratória.


Essa classificação dos perfis pelo Ministério é baseada em critérios como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios e percentuais de população em extrema pobreza. Municípios classificados com Perfil do 4 ao 8 são considerados mais vulneráveis e são priorizados com a disponibilização de mais vagas para médicos.


No início do ano o Governo Federal abriu edital para renovação de vagas de profissionais do Mais Médicos apenas para esses municípios com maior vulnerabilidade. Boa Vista ficou de fora mesmo com a pressão da crise migratória em todos os setores, especialmente na saúde.


Boa Vista perdeu este mês oito médicos do programa do Governo Federal


Boa Vista conta hoje 79 médicos atuando nas unidades básicas de saúde. Desses, 53 são do Mais Médicos. Neste mês de agosto já foram desligados 8 profissionais do programa do Governo Federal que não terão os contratos renovados pelo Ministério da Saúde, essas vagas não serão preenchidas. Em setembro mais profissionais serão desligados.


De acordo com Teresa, apesar de conhecer as dificuldades do município diante da crise migratória e o impacto na rede de saúde que tem elevado a demanda de atendimento para além do limite, o Ministério ainda não mudou a classificação do perfil de Boa Vista.

“Essa não reavaliação do perfil de Boa Vista não permite a renovação do contrato dos médicos que estão vencendo. Sendo assim, estes médicos estão encerrando seus contratos com o município de Boa Vista e essas vagas não estão sendo repostas com novos médicos” explica.


Ainda segundo Teresa, Boa Vista precisaria de um reforço de, no mínimo, 20 novos profissionais do programa. “O quantitativo de médicos na atenção primária está diminuindo diante de uma demanda crescente, o que afeta a oferta de atendimento médico à população e sobrecarrega os profissionais que permanecem no quadro”, destaca.


De janeiro a junho, mais de 140 mil venezuelanos foram atendidos pela atenção básica


De janeiro a junho deste ano, já foram mais de 680 mil atendimentos nas unidades básicas de saúde, entre atendimentos médicos, de enfermagem e outros serviços primários. Quase 140 mil desses atendimentos dispensados foram para imigrantes venezuelanos.


Em junho deste ano, a prefeitura lançou processo seletivo para contratação de 143 profissionais para fortalecer o atendimento na rede municipal de saúde. Das 15 vagas ofertadas a médicos que atenderiam nas unidades básicas de saúde, apenas 7 foram aprovados, três desistiram e só 4 assumiram os postos de trabalho. A prefeita Teresa Surita relata que diante de uma crise migratória como esta, a falta de médicos para suportar a demanda é uma das principais dificuldades.


“O nosso problema hoje é a falta de médicos, que não temos o suficiente para contratar aqui em Boa Vista e a condição de contratação pelo programa Mais Médicos não nos dá saída para ter uma quantidade boa de médicos como tínhamos há pouco tempo. Hoje nós temos uma demanda muito grande de atendimentos e faltam profissionais, porém já fizemos de forma emergencial o processo seletivo e até o fim do ano, queremos fazer o concurso para preencher as vagas necessárias pelo menos amenizar toda essa situação”, reforçou Teresa.