Social

Família que Acolhe já atendeu mais de 17 mil crianças

Programa foi criado em 2013 e se tornou modelo de política pública para o desenvolvimento infantil

Por Gleide Rodrigues

05/12/2019

O programa Família que Acolhe fecha 2019 com quase 16 mil beneficiárias inscritas - números levam em consideração os cadastros feitos desde 2013, quando foi criado. O programa foi o pontapé inicial da política pública de primeira infância em Boa Vista e na última terça-feira, 3, foi uma das três iniciativas premiadas pelo Conselho nacional de Justiça (CNJ), conquistando o 2º lugar do Prêmio de Boas Práticas para a Primeira Infância.

As ações voltadas à promoção do desenvolvimento infantil têm transformado Boa Vista em referência nacional e internacional, sendo, inclusive, reconhecida por autoridades e especialistas no assunto como a Capital da Primeira Infância.

“ O Família que Acolhe é uma política pública integral para a primeira infância, onde acompanha a criança da gestação até completar seis anos. O programa já atendeu mais de 17 mil crianças e ele ter sido reconhecido nessa premiação é muito gratificante, porque é um reconhecimento nacional sobre a importância do programa e sobre o impacto que de fato faz na vida das crianças e de suas famílias”, destacou Thayssa Cardoso, secretária municipal de Projetos Especiais.

O foco do Família que Acolhe é proporcionar às crianças um ambiente adequado para seu crescimento físico e emocional na fase que vai da gestação aos seis anos de idade. Em Boa Vista, essa política pública integra ações na saúde, educação, gestão social, e mais recentemente, obras e urbanismo.

No Família que Acolhe, a reunião de serviços para mães e bebês vão desde o acompanhamento do pré-natal, consultas, nutricionistas, vagas garantidas em creches, acesso a programas de alimentação, visitação domiciliar e oficinas que ensinam as famílias como melhorar o cuidado com os filhos.

Universidade do Bebê é uma das atividades do programa Família que Acolhe

A Universidade do Bebê, uma das principais atividades do programa, funciona como uma faculdade mesmo. Os pais frequentam todo mês as oficinas onde recebem orientações e aprendem como lidar com cada fase da criança, desde a gestação: a importância da amamentação, alimentação saudável, o cuidar e o brincar.

A doméstica Benvinda Oliveira Miranda, 45 anos, já passou por quase todas as oficinas ofertadas pelo programa. Hoje, ela e a filha Thamirys, 2 anos, participam das atividades de confecção de brinquedos. Enquanto produzem os brinquedos, mãe e filha passam mais tempo juntas e fortalecem os vínculos afetivos.

“ Eu aprendi no Família que Acolhe que a gente tem que ter mais atenção e brincar mais com os filhos. Com os meus outros filhos não tinha esse programa, então, eu vi coisas que evoluíram muito comigo e com minha filha. As palestras, as meninas que têm me ensinado passam muito amor pra gente passar para os filhos”, disse.

A beneficiária Benvida Oliveira Miranda e a filha Thamirys, de 2 anos, participam da oficina sobre brincadeiras

Por que investir em políticas públicas para a primeira infância é tão importante?

Antes de falar do benefício dos investimentos, é preciso entender primeiro o que é primeira infância e porque esse termo ganha cada vez mais espaço nas discussões sobre políticas voltadas ao atendimento das necessidades das crianças.

“ A primeira infância é o período mais importante da vida, porque é nessa fase que a personalidade da criança é formada, é nessa fase que as experiências que ela vivencia serão refletidas para o resto da vida. É a fase em que a criança mais aprende, em que ela explora em seu potencial máximo todas as competências relacionadas ao cognitivo, ou seja, relacionada a aprendizagem”, explicou a psicóloga Elane Florêncio.

Estudos científicos como Importância dos Vínculos Familiares na Primeira Infância , do Núcleo Ciência Pela Infância, destacam q ue investimentos em programas voltados para a primeira infância podem dar um retorno bastante positivo para as crianças e para a sociedade como um todo.

“ Crianças que tiveram boas oportunidades na infância (escolares, afetivas e sociais) tendem a apresentar um melhor desempenho acadêmico e profissional, um maior ajuste social e uma menor propensão à criminalidade, uso de drogas, adoecimento físico ou mental”, afirma o estudo.

Oficina de Shantala

O que os estudos apontam, a atendente Amanda Belizário, 26 anos, mãe de primeira viagem da Ana Clara, de 2 anos, aprende na prática no Família que Acolhe e sabe que vai fazer diferença na vida da filha.

“ As crianças aprendem a compartilhar, a brincar mais. Ela Ana Clara é muito desenvolvida, aprendeu as cores, as letras. Eu gosto muito do Familia que Acolhe, de vir para as reuniões, eu não gosto de faltar, é muito importante para minha filha porque eu prezo muito pela primeira infância”, comentou.

Amanda Belizário e a filha Ana Clara, de 2 anos, se divertem com os brinquedos produzidos no Família que Acolhe

Plano Municipal da Primeira Infância

Expandir e garantir a continuidade de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento das crianças é o objetivo do Plano Municipal da Primeira Infância, documento elaborado pela Prefeitura de Boa Vista que estabelece diretrizes, orientações e metas a serem cumpridas pelo município com foco nessa área.

O PMPI foi aprovado na Câmara Municipal de Boa Vista e garantirá o andamento de ações da saúde, educação, assistência social, além de ampliar as políticas públicas para tratar de temas como: Direito de Brincar; Diversidade: Crianças Indígenas e Imigrantes; Protegendo as Crianças da Pressão Consumista; Enfrentando a Violência Contra as Crianças; entre outros.

O Plano é uma recomendação do Marco Legal da Primeira Infância. Com ele, os cuidados com as crianças se tornarão políticas permanentes. Trata-se, portanto, de um plano da cidade e não de um governo.

Atendimento médico é um dos serviços ofertados pelo programa Família que Acolhe