Educação

Visitação Domiciliar - Metodologia jamaicana de desenvolvimento infantil é aplicada em crianças de Boa Vista

Com brinquedos recicláveis, as crianças são estimuladas a desenvolver habilidades cognitivas e motoras e fortalecer o vínculo entre pais e filhos .

Por Ceiça Chaves

10/12/2019

Fotos no link: https://flickr.com/photos/ 170294565@N07/sets/ 72157712061899807

Que atividade os pais desenvolvem para estimular seus bebês? Em Boa Vista, Capital da Primeira Infância, a metodologia jamaicana de fortalecimento parental e desenvolvimento infantil vem sendo aplicada através do Programa de Visitação Domiciliar. Com brinquedos recicláveis, as crianças são estimuladas a desenvolver habilidades cognitivas e motoras e fortalecer o vínculo entre pais e filhos.

A metodologia Reach Up and Learn é aplicada na Jamaica há 24 anos e chegou a Boa Vista em 2017, por meio da Universidade de São Paulo, em parceria com  a Prefeitura de Boa Vista. Desde então, a capital da Primeira Infância virou um campo de pesquisa e a primeira do Brasil a desenvolver esta técnica. A USP está acompanhando as visitas para futuramente avaliar os impactos positivos na vida das crianças assistidas.

O foco do Programa de Visitação Domiciliar é o acompanhamento de crianças da gestação aos três anos de idade, através dos Centros de Referência e Assistência Social (CRAS). Hoje são 1.213 famílias atendidas, que a cada 15 dias recebem os visitadores em casa.

Os brinquedos recicláveis são produzidos pelos integrantes do Projeto Crescer e são itens fundamentais nas atividades orientadas pelos visitadores. Cada atividade feita com as crianças têm um objetivo, como por exemplo, estimular a audição, a coordenação motora, a linguagem e a cognição. Além disso, toda a família é envolvida nas atividades que fortalecem o vínculo afetivo.

Bebê número 1 do Programa: Enzo Emanuel, de 1 ano e 6 meses.

O bebê número 1 do programa foi o pequeno Enzo Emanuel, de 1 ano e 6 meses. Sua mãe, Adriana Sena, 37 anos, foi cadastrada com 3 meses de gestação, no Cras do Nova Cidade. Embora muito cedo para contar os benefícios do acompanhamento, a mãe já arrisca dizer que o filho é bem desenvolvido e estimulado graças à assistência da prefeitura.

É muito gratificante. Até eu me espanto com o desenvolvimento dele através das iniciativas que ela visitadora me fala e eu faço ao pé da letra. Eu me orgulho muito desse projeto, meu filho se desenvolve a cada dia. Sou muito agraciada dentro desse trabalho que a prefeitura desenvolve , disse Adriana.

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Para a visitadora Ineide Freitas, é uma honra acompanhar o desenvolvimento das crianças, e ter o convívio com as famílias.

Para a visitadora Ineide Freitas, é uma honra fazer parte de todo esse processo, acompanhar o desenvolvimento das crianças, e ter o convívio com as famílias. É uma técnica que vai mudar geração realmente. A nossa prefeita investe na primeira infância e fazemos parte dessas famílias e nos sentimos privilegiada por isso , disse.

O programa teve início em 2017 como projeto-piloto em três Cras: Nova Cidade, Centenário e Sílvio Leite. Este ano foi ampliado para os demais Centros. A USP viu em Boa Vista uma área propícia para implantar esta nova metodologia dentro de uma política pública já existente na cidade. O Programa é, basicamente, a junção do Família que Acolhe, Criança Feliz, sendo administrado pela Secretaria Municipal de Gestão Social.

Metodologia Jamaicana

O Reach Up and Learn, é um programa para o desenvolvimento da primeira infância implementado nos últimos 24 anos na Jamaica. Evidências extensivas mostraram que as crianças que participaram do programa não apenas tiveram melhor desempenho escolar, como também se mostraram mais felizes.

Quando a idade adulta chegou, as crianças revelaram ter QI mais alto, melhor saúde mental e comportamento menos violento. Também alcançaram uma renda melhor do que aqueles que não se beneficiaram do programa quando crianças.

Semelhante ao que é aplicado em Boa Vista, o programa consiste em visitas às casas por especialistas que treinam os pais no uso de materiais para ensinar os filhos conforme a faixa etária, atividades recreativas usando brinquedos de baixo custo feitos com materiais recicláveis; e guias que levam em consideração as diferenças culturais para garantir que brinquedos, jogos e outras atividades educacionais sejam adequados para crianças.