O Teatro Municipal de Boa Vista teve mais um momento histórico em trajetória. Pela primeira vez, recebeu uma ópera genuinamente brasileira: “Dulcineia e Trancoso – Como é que a peça começa?”, produzida e estrelada por estudantes do Curso de Música da Universidade Federal de Roraima (UFRR) em parceria com o Instituto Boa Vista de Música (IBVM). O evento ocorreu nesta quinta-feira, 16, na Sala Roraimeira.
Inspirada na obra do escritor Ariano Suassuna, com libreto de W. J. Solha e composta por Eli-Eri Moura, a ópera integra o movimento armorial, que busca valorizar a cultura nordestina (leia mais abaixo). O enredo gira em torno de Trancoso, que tem a missão de proteger duas rochas mágicas – “A Pedra do Reino” e “A Pedra do Príncipe”, que possuem poderes especiais e são alvo de disputa entre diferentes personagens.
A montagem em Boa Vista foi fruto de um acordo de cooperação técnica entre o IBVM e a UFRR, com elenco formado por Fernando Ciello (Trancoso), Nathália Lago (Dulcinéia), Santiago Páez (Ariano), Manoel Oliveira (Cervantes), Awancer Lima (Bozo), Violeta Castro (Morte), Ítalo Raphael (Dono do Circo) e Hemily Marques (Compadecida). A Orquestra Sinfônica do IBVM, sob regência do maestro Beany Cabrera, foi responsável bela base musical.
“O IBVM valoriza o que é nosso. Nós temos um repertório de música erudita, mas nós valorizamos também o que o Brasil tem. Então, essa ópera, por ser brasileira e estar recheada de ritmos brasileiros, sobretudo nordestinos, foi um desafio. Além dos ótimos solistas, nós tivemos algumas pessoas que não tinham experiência com os palcos, mas que aceitaram o desafio. Um grande marco para a nossa cultura”, disse Beany, que também é diretor musical do IBVM.
Na plateia, a pesquisadora Clara Cunha aplaudiu bastante a ópera. Nascida em Brasília e uma autêntica amante da cultura nordestina, ela definiu a peça como sensacional, mostrando diversos detalhes que só enaltecem as tradições e costumes do Brasil. “Achei muito lindo colocarem o frevo no palco, além de outros elementos que nós brasileiros conhecemos bem. E casou muito bem com a estética da música erudita. Foi muito lindo”, destacou.
O Movimento Armorial – Trata-se de uma expressão artística idealizada por Ariano Suassuna e integrado por intelectuais e artistas do nordeste brasileiro. O objetivo sempre foi criar uma arte com autenticidade regional, valorizando as tradições populares nordestinas.
Por sua vez, a música armorial é caracterizada pela fusão de elementos da música de concerto com elementos da música popular, utilizando instrumentos tradicionais e melodias inspiradas nas manifestações culturais do Nordeste. Com sua proposta inovadora, o Movimento Armorial e a Música Armorial tiveram um impacto significativo na cultura brasileira, colocando em evidência a riqueza e diversidade das artes populares nordestinas.
Confira mais fotos do evento: