Mostra de Educação Especial destaca práticas inclusivas nas escolas de Boa Vista
Na Escola Municipal Jael Barradas, que desenvolve o projeto “Personalizar”, os alunos tiveram uma manhã de muita diversão e aprendizado
Por Marcus Miranda
há 4 horas
A 11ª Mostra de Educação Especial e Educação Bilíngue de Surdos da Rede Municipal de Ensino iniciou com uma programação marcada pela sensibilidade e pela valorização do protagonismo dos alunos com deficiência. Na Escola Municipal Jael da Silva Barradas, onde foram apresentados projetos, vivências e atividades pedagógicas desenvolvidas ao longo do ano letivo, com destaque para temas como inclusão e sustentabilidade.
A mostra é um espaço de compartilhamento de práticas pedagógicas, que dá visibilidade ao trabalho de professores e profissionais dedicados à inclusão. O evento segue até o dia 12 de novembro em diversas escolas da capital, reunindo experiências exitosas de professores e estudantes da rede.
Nesta edição, cerca de 100 trabalhos serão apresentados em diferentes unidades escolares, desde as localizadas na capital, como também na zona rural e indígena.
Inovação e sensibilidade: o projeto “Personalizar”
Na Escola Jael Barradas, que hoje atende 35 alunos com deficiência por meio dos Atendimentos Educacionais Especializados (AEE), a inclusão é tratada com sensibilidade e propósito.
O destaque é para o projeto “Personalizar”, desenvolvido na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) da unidade. A iniciativa foi criada pelas professoras Fátima Vieira e Luane Costa, com o objetivo de promover a inclusão por meio dos interesses e habilidades individuais das crianças, especialmente aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Com base em princípios da neurociência educacional, o projeto identifica o hiperfoco dos alunos — ou seja, temas que despertam maior atenção e entusiasmo — e a partir deles são criadas atividades pedagógicas personalizadas, como jogos, dramatizações e produção de livros autorais.
“Temos, em média, 30 alunos autistas. Percebemos que muitos não se engajavam como gostaríamos. Então, passamos a usar os interesses específicos de cada um como ponto de partida. Tivemos crianças que criaram livros, desenharam no computador, modelaram personagens em massinha e até digitaram suas histórias. Esse envolvimento tem sido fundamental para o desenvolvimento da alfabetização e da leitura”, explicou Fátima Vieira, professora de Educação Especial.
Inclusão que transforma
A gerente de Educação Especial da rede, Ana Paula Pinheiro, destacou que a Mostra é um momento para celebrar os resultados. “É um espaço para apresentar experiências exitosas desenvolvidas durante o ano, fortalecendo o protagonismo dos nossos alunos. Temos projetos voltados à alfabetização, à autonomia e à convivência, com o apoio das famílias. Essa parceria entre escola e comunidade é essencial para consolidar a aprendizagem e ampliar o processo de inclusão”, afirmou.
Ana Paula também ressaltou que os profissionais da rede recebem formações contínuas, com trocas de experiências e oficinas práticas, o que tem fortalecido a atuação nas Salas de Recursos Multifuncionais, presentes em 84 escolas municipais.
Atualmente, Boa Vista atende 3 mil alunos público-alvo da Educação Especial, sendo 2.405 com autismo. O município também conta com unidades especializadas, como o Centro de Transtorno do Espectro Autista (CETEA) e o Centro Municipal Integrado de Educação Especial (CMIEE), que oferecem atendimento multiprofissional e suporte às famílias.
Protagonismo e resultados reais
Entre os alunos atendidos pela escola, está o pequeno Pedro Henrique, de 8 anos, que tem autismo e escreveu o livro “O Mundo dos Dinossauros”, por meio do projeto Personalizar. A mãe dele, Priscila Bittencourth, contou que o trabalho foi decisivo para o desenvolvimento do filho.
“O projeto foi fundamental para o Pedro. Ele ganhou confiança, melhorou muito a leitura e passou a se socializar mais com os colegas. Antes, ele queria fazer tudo do jeito dele, mas agora aprendeu a ouvir, esperar a vez e compartilhar as ideias. É um avanço enorme, tanto na escola quanto em casa”, relatou.