Educação

Projeto Maria Vai à Escola completa 10 anos e reforça compromisso com a proteção das crianças

Parceria entre Prefeitura de Boa Vista e TJ-RR já alcançou mais de 5 mil alunos, fortalecendo cultura de paz, igualdade e prevenção à violência doméstica

Por Marcus Miranda

há 8 horas - Última atualização há 8 horas

O projeto Maria Vai à Escola completou 10 anos de atuação e nesta terça-feira, 2, reuniu alunos, educadores e autoridades para celebrar essa trajetória de transformação e enfrentamento à violência doméstica. A cerimônia ocorreu no auditório da Escola Municipal Nara Ney e contou com apresentações musicais, exibição de um vídeo institucional e entrega de certificados aos estudantes da Escola Municipal Laucides Oliveira — a primeira a receber o programa, em 2015.

O evento contou com apresentações musicais de alunos 

A iniciativa é uma parceria entre o Tribunal de justiça de Roraima (TJ-RR) e a prefeitura, que ao longo de uma década, alcançou 5.446 alunos do 5º ano em 34 escolas da Rede Municipal, consolidando-se como referência nacional na promoção da cultura de paz, do respeito e da igualdade de gênero entre crianças de 10 e 11 anos.

Projeto transforma vidas e fortalece famílias

A juíza Suelen Alves, da Coordenadoria de Enfrentamento à Violência Doméstica do TJ-RR, reforçou a importância da parceria institucional e os resultados que o projeto alcançou ao longo da década.

“Nosso objetivo é levar às crianças noções de igualdade, cultura de paz, respeito à mulher e às relações familiares. Hoje certificamos cerca de 200 estudantes que participaram das aulas desenvolvidas pelas nossas ‘Marias’, professoras cedidas pelo município para esse trabalho tão importante”, disse.

“Nosso objetivo é levar às crianças noções de igualdade, cultura de paz, respeito à mulher e às relações familiares", reforçou a juíza Suelen Alves

A magistrada também explicou que os conteúdos são adaptados para o público infantil, mantendo leveza e cuidado diante da delicadeza do tema. “Não falamos de violência logo no início. Começamos com temas transversais e só na última aula introduzimos diretamente a Lei Maria da Penha. Assim, as crianças compreendem de forma leve, mas eficaz, o que fazer e como ajudar. Elas levam essa informação para casa, fortalecendo a rede de proteção. Depois de 10 anos, vemos um futuro promissor, inclusive com proposta na Câmara Municipal para institucionalizar definitivamente o projeto”, contou.

Papel da educação na prevenção à violência

O secretário adjunto de Educação, Isaac Neto, destacou a relevância da iniciativa para a formação social das crianças e para o fortalecimento da proteção às mulheres. “Hoje é um dia de alegria porque a educação tem esse poder transformador. Trabalhar temas como igualdade, respeito e convivência familiar saudável na fase de pré-adolescência é fundamental. Isso forma caráter, reforça valores e prepara uma sociedade mais consciente e justa”, falou.

"Trabalhar temas como igualdade, respeito e convivência familiar saudável na fase de pré-adolescência é fundamental", destacou o secretário adjunto de Educação, Isaac Neto

Ele também ressaltou que aos alunos se tornam multiplicadoras do conhecimento aprendido. “A criança é um agente motivador dentro de casa. Ela observa comportamentos, questiona, orienta e até ajuda a corrigir situações inadequadas. Por isso, esse projeto é tão importante e continuará sendo fortalecido. A prefeitura agradece ao Tribunal de Justiça pela parceria. Esperamos seguir por mais 10, 20 anos transformando vidas e construindo uma sociedade melhor”, concluiu.

Alunos compartilham aprendizados

“Achei muito útil, pois se vermos qualquer tipo de violência doméstica, a gente sabe o que fazer", compartilhou o aluno Alejandro Antônio

Alejandro Antônio, 11 anos, contou que agora se sente mais preparado para identificar e agir diante de casos de violência doméstica.  “Achei muito útil, pois se vermos qualquer tipo de violência doméstica, a gente sabe o que fazer. O que mais me chamou atenção foi aprender sobre os cinco tipos de violência. Sempre conversava com meus pais sobre o que aprendi e eles acharam muito importante”, disse.

"A lei ajuda a combater a violência doméstica e incentiva a denunciar", disse a aluna Sophya Lima

Para Sophya Lima, 11 anos, o conhecimento sobre a Lei Maria da Penha foi o ponto mais marcante. “Aprendi muito e sei o quanto é importante. A lei ajuda a combater a violência doméstica e incentiva a denunciar. Quando contei para a minha mãe que estávamos aprendendo isso na escola, ela ficou surpresa e achou muito útil”, relatou.

Como funciona o projeto?

Instituído em 2015 por meio de um Termo de Cooperação Técnica entre o TJ-RR e a Prefeitura de Boa Vista, o projeto utiliza uma abordagem educativa e preventiva voltada a estudantes do 5º ano, faixa etária considerada estratégica para trabalhar valores como empatia, respeito, cidadania e justiça social.

A proposta é estruturada em seis aulas temáticas, com duração de uma hora cada, duas vezes por semana. Os conteúdos incluem:

Igualdade de gênero

Direitos humanos

Convivência familiar

As aulas são conduzidas pelas professoras conhecidas como “Marias”, cedidas pela própria prefeitura 

Tipos de violência previstos na Lei Maria da Penha (física, psicológica, sexual, patrimonial e moral)

As aulas são conduzidas pelas professoras pedagógicas conhecidas como “Marias” e utilizam metodologias como círculos de diálogo, confecção de cartazes, leitura de tirinhas, curtas-metragens, rodas de conversa e atividades interativas. Ao longo dos anos, o projeto foi reconhecido nacionalmente, com premiações como o Selo de Práticas Inovadoras do FBSP e finalista no Prêmio Viva, da Revista Marie Claire.