AGOSTO LILÁS - Campanha chega às comunidades indígenas e zona rural de Boa Vista
Com ações de combate à violência contra a mulher, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Semads) ampliou o alcance da campanha para atender toda a população

Por Ráyra Fernandes
há 16 horas - Última atualização há 16 horas
A Prefeitura de Boa Vista, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Semads), ampliou o alcance da campanha "Agosto Lilás" levando ações de conscientização sobre o fim da violência contra a mulher a Comunidade Indígena Serra da Moça, nesta sexta-feira, 15.
Instituições da rede de proteção, como o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Patrulha Maria da Penha, Tribunal de Justiça de Roraima e Agência Municipal de Empreendedorismo (AME), se uniram na programação que reuniu jovens e adultos.

Segundo a gerente do Creas Centro, Ana Gabriela Bento, o diferencial da campanha é justamente a descentralização. As atividades acontecem dentro das comunidades, respeitando as características culturais de cada local e promovendo um ambiente seguro de troca de experiências e apoio.

“As atividades foram pensadas para aproximar os serviços da população, que muitas vezes tem dificuldade de acessar a rede de proteção. Sabemos que muitos têm menos acesso à informação. Então, trazemos nossa equipe e parceiros para reforçarmos os canais de denúncia e promover a prevenção, além de incentivar o empreendedorismo feminino", destacou.

A AME BV apresentou um pouco sobre as linhas de créditos, especialmente as destinadas às mulheres, como um incentivo à independência financeira. Atualmente, a agência valoriza todos os perfis de empreendedores da capital. Desde sua criação, em 2022, já beneficiou 1.931 empreendedores, com investimentos que somam R$ 7,5 milhões.

Rede fortalecida
Esta é a terceira vez que a Prefeitura de Boa Vista promove esse encontro entre as instituições e a comunidade. “Queremos reforçar esse assunto para o nosso povo e contamos com essa rede apoio para conseguirmos orientar e combater a violência contra a mulher”, ressaltou Alexsandro Carlos das Chagas, Tuxaua da comunidade.
Informação, acolhimento e apoio na prática

Também ocorreram palestras educativas e atendimentos especializados. Segundo a juíza Suelen Alves, coordenadora da 2ª Vara de Violência Doméstica, as estatísticas mostram que esse é um problema que afeta não só as mulheres, como toda a família e, consequentemente, a comunidade.
“Entendemos que uma família livre de violência contribui para uma comunidade mais segura e harmoniosa. O nosso objetivo é promover uma cultura de paz, respeito e não-violência entre todos, homens e mulheres, para garantir um convívio saudável, especialmente entre crianças e jovens nas escolas e nos lares”, explicou.

Jessyka Pereira, coordenadora da Patrulha Maria da Penha, destacou os tipos de violência com exemplos práticos. “No ano passado, tivemos oito denúncias realizadas após uma ação como essa da prefeitura. Isso mostra que as mulheres realmente precisam de acesso à informação. Acreditamos que essa iniciativa continuará gerando bons frutos”, relatou.
Informação pode transformar vidas
A jovem H.S., de 17 anos, foi vítima de violência dentro de casa e, por medo, permaneceu em silêncio por muito tempo. “Quando conheci a Lei Maria da Penha, entendi que eu tinha direitos e proteção. Hoje, com uma medida protetiva, me sinto mais segura. Pretendo compartilhar o que aprendi com outras mulheres”, contou.
Atendimento individualizado

A técnica de referência da Sala Lilás, Nilvana Marques, que também é assistente social, apresentou à população indígena os serviços oferecidos no espaço e também fez atendimentos individuais no local. “Queremos que toda mulher saiba que existe uma rede pronta para acolhê-la. E isso inclui ir até onde elas estão, ouvir suas histórias e garantir o acesso à informação e aos serviços, para que possam romper o ciclo de violência”, afirmou Nilvana.
