Integrantes do Dedo Verde aprendem técnicas de produção de sabão em laboratório da UFRR
Com supervisão de especialistas, os participantes criaram o produto a partir de materiais recicláveis

Por Lucas Aires
há 10 horas - Última atualização há 10 horas
Em uma iniciativa que alia educação, sustentabilidade e empreendedorismo, o Laboratório de Grãos e Água do Departamento de Química da Universidade Federal de Roraima (UFRR) abriu suas portas para o programa Dedo Verde nesta quarta-feira, 20. Os jovens aprenderam na prática o processo químico de transformar óleo de cozinha descartado em sabão caseiro, tanto em barra quanto líquido.

A oficina ocorreu sob a coordenação do professor Francisco Panero. A ideia de incluir a fabricação de sabão no programa Dedo Verde surgiu como uma estratégia para inserir jovens no ambiente universitário e abrir seus horizontes. Foi o que explicou a gerente do programa, Elohana Carvalho, detalhando a parceria com o laboratório de química.
"Nossa primeira ideia era trazer os adolescentes para dentro da universidade. E aí, numa conversa com o professor Francisco, ele falou que tinha esse projeto e se podia fazer com nossos alunos. Assim, unimos o útil ao agradável. No primeiro momento, ele pediu que os alunos trouxessem o óleo. Pegamos tudo que usamos e fomos guardando para essa aula de hoje, como lanches, refrigerantes, algumas embalagens. Os jovens são capazes, sim, de participar e cuidar do meio ambiente, podendo gerar mais uma fonte de renda para a família na venda desses produtos", contou.

A atividade demonstra como a química pode ser aplicada para resolver problemas ambientais do cotidiano, oferecendo alternativa concreta de reciclagem e geração de produtos de limpeza eficazes e econômicos. O professor Francisco destacou a versatilidade dos produtos com diferentes aplicações, conforme a concentração, podendo servir para lavar as mãos, uma roupa um pouco suja ou muito suja, ou ainda para limpeza pesada de chão.
"Nós utilizamos materiais que são descartados pela população, por exemplo, o óleo de cozinha, que normalmente vai para a pia e polui o meio ambiente. Também incorporamos outros materiais, como pratos e garrafas plásticas, caixinhas de leite ou suco. Para o sabão em barra, o óleo coletado é filtrado e limpo. Em seguida, adicionamos água e soda cáustica. Já para o sabão líquido, utilizamos os mesmos princípios, mas em diferentes proporções, permitindo a produção de grandes quantidades, de 2 a 10 litros”, explicou.

Em sua primeira participação na atividade, o integrante Lucas Costa, de 15 anos, se surpreendeu com o processo químico que sempre viu de longe. A oficina de fabricação de sabão representou muito mais do que aprender uma nova receita: foi uma descoberta científica.
"Eu já vi pessoas fazendo sabão, principalmente minha mãe e minha irmã, só que eu nunca aprendi realmente a fazer. A parte mais interessante foi quando eu coloquei a soda cáustica no óleo. Eu não sabia que fazia isso assim. No laboratório utilizamos equipamentos de proteção", relatou.

Já para a integrante Crislayne Laurentino, 15 anos, a oficina representou uma oportunidade única de aprendizado prático. Em sua primeira experiência com o processo, ela se surpreendeu ao acompanhar cada etapa da transformação de materiais recicláveis em produtos de limpeza. "Na minha família alguém já fez, só que eu nunca tinha visto. Hoje eu aprendi que é um conhecimento muito importante, que com certeza levarei para minha casa".
DEDO VERDE – Projeto foi criado em 1993 e promove para mais de 190 jovens educação com acompanhamento psicossocial e pedagógico para a prevenção de riscos, fortalecimento dos vínculos sociais e familiares e no protagonismo juvenil com ênfase na cidadania ambiental. Os integrantes recebem vale transporte, fardamento, lanche, almoço, Cartão do Bem, bolsa auxílio no valor de R$230,00 e acompanhamento psicossocial e pedagógico.
*Supervisionado por Shirleia Rios*